Perturbação


Estava saindo do meu prédio, nem eu sabia para que finalidade, apenas fiquei caminhando a esmo enquanto um vento frio rebatia em meu corpo, continuei caminhando por mais algum tempo até que a rua havia mudado, não era mais uma rua com pedra e sim uma estrada de chão. Postes com uma luz alaranjada inundavam a rua a minha frente e continuava até eu não conseguir mais ver.
Me virei para trás e a estrada de pedras havia sumido tudo que eu via era uma estrada de chão iluminada por luzes alaranjadas. Fiquei parado por um instante tentando entender  o que estava acontecendo até que as luzes de um lado da estrada começaram a se apagar, me virei e corri na direção oposta. Elas iam chegando mais perto e o meu folego ia acabando, enquanto a rua seguia parecendo não ter fim, a luz sobre mim se apagou, mas nada aconteceu.
 – Eu estou pronto, podem vir – após falar isso nada aconteceu então segui caminhando pela escuridão até que vi um pouco a minha frente um casebre de madeira verde, uma capelinha e no que parecia ser o final da rua uma pirâmide. Aproximei-me dos construtos, a casa parecia abandonada há tempos, a capelinha era branca, mas ficava um pouco alaranjada por causa da luz, uma grade preta protegia a estatueta da Ave Maria cuja pintura estava totalmente desbotada. A pirâmide parecia ser feita de uma argila, mas não em estado solido ainda estava meio mole, o que facilitou a minha escalada por ela. Parei um pouco antes do topo, havia uma espécie de buraco na parede e dentro dele uma boneca de porcelana com um vestido vermelho e o que parecia ser cabelo humano na cabeça dela, nos seus pés estava amarrado uma fita vermelha.
Peguei-a na mão e tirei a fita dos seus pés e guardei no meu bolso, aparentemente só a cabeça era feita de porcelana enquanto o resto do corpo era feito de pano, comecei a descer a pirâmide já não me importava o que havia no topo, era como se a boneca fosse tudo o que me importasse no momento. Quando cheguei ao chão havia homens vestidos de preto e com um capuz tapando os olhos ao meu redor.
– Você profanou nosso templo – eles falavam em conjunto – Agora você vai sofrer!
Mas no mesmo instante em que eles terminaram de falar, um jato de fogo começou a sair de suas bocas, por um momento eu achei que eles estavam soltando o fogo larguei a boneca e comecei andar para trás até estar encostado na parede da pirâmide, mas então os corpos deles começaram a queimar também até que restavam corpos carbonizados a minha frente.
Olhei para o local onde deixei cair à boneca, mas dessa vez não era mais uma boneca. Havia uma garota deitada, com a mesma roupa que a boneca tinha só que não eram mais vermelhas e sim totalmente brancas, os cabelos acredito serem os mesmos da boneca. Fui até lá e ajudei-a se levantar, ela tinha  olhos negros e uma expressão de medo. Começamos a caminhar, caminhamos por um longo tempo até estarmos de volta a cidade e não demorou muito para chegarmos ao prédio aonde eu moro.
Quando chegamos o dia já havia amanhecido, entramos no meu prédio e subimos as escadas até o meu apartamento, minha mãe estava acordada.
– Mãe, eu achei essa menina na rua – disse a ela – Ela pode ficar aqui alguns dias até se recuperar?
– Tudo bem – disse ela, estranhei normalmente ela teria oferecido resistência porém cedeu facilmente. – Vou trabalhar até mais
Logo depois levei a garota até o meu quarto e arrumei a cama.
– Você parece meio cansada, pode dormir aqui – disse levando ela até a cama – Eu vou tomar um banho, fique a vontade.
No que fui me levantar ela segurou o meu braço e me puxou de volta, eu fiquei olhando a poucos centímetros do seu rosto, até que ela me beijou. Seus lábios eram gelados, ela começou passar as mãos em mim que também eram geladas, eu retribui e passei as mãos pelo corpo dela, estávamos nos conectando. Quando percebi estava tirando o seu vestido enquanto ela me despia também, a cada toque que eu sentia dela minha pele se arrepiar. Eu retribuía isso, ia passando a mão pelos seus braços, pela sua cintura e também pelos seus seios.
Em momento nenhum paramos de nos beijar, seus beijos eram suaves igual a seus toques e então ela pegou o meu membro e introduziu dentro dela. Era apertado e quente diferente do resto do seu corpo, os beijos e os toques foram trocados por gemidos e arranhões, cada vez mais altos e mais fortes o que me deixava mais excitado ainda. Isso prosseguiu por um bom tempo até que eu estava prestes a gozar tentei tirar de dentro dela, porém ela não me deixou.
Senti o meu esperma escorrendo dentro dela enquanto ela me deu um ultimo beijo antes de adormecermos. Acordei algumas horas depois coloquei minha roupa novamente e fui até o mercado, a deixei ali deitada na minha cama. Quando voltei à porta dos meus vizinhos estavam abertas, estranhei o fato, porém não liguei muito, entrei na minha casa e ela estava parada na frente da porta com o seu vestido branco, seus olhos, porém estavam totalmente pretos e suas mãos e pés sujas de sangue. Imediatamente abri a porta e corri para os apartamentos dos meus vizinhos. Estavam todos mortos no chão da sala, subi alguns andares e em todos os apartamentos estavam todos mortos.
Me joguei no chão de joelhos, não estava acreditando no que havia acontecido, como eu pude chegar até aquele ponto sem ter estranhado nada, a rua de terra misteriosa, a pirâmide, os homens pegando fogo. Como não estranhei nada, tudo até o momento foi totalmente bizarro. Voltei para o meu apartamento, ela não estava mais na frente da porta, procurei pelos cômodos, ela estava deitada na minha cama aparentemente dormindo.
Então lembrei que ela havia uma fita vermelha amarrada aos pés quando era uma boneca, coloquei a mão no meu bolso e a fita estava lá ainda. Imediatamente tirei a fita do bolso e fui me aproximando dela com cautela, até estar perto o suficiente para amarrar a fita rapidamente entre seus tornozelos, assim que fiz isso eu abri os olhos estava deitado na minha cama encharcado de suor, levantei levemente aliviado por tudo aquilo ter sido apenas um sonho, arrumei a cama e depois fui até o banheiro escovar os dentes. Quando voltei fiquei parado sob a entrada do meu quarto, uma boneca de vestido branco estava deitada no meu travesseiro.


Ps: Eu escrevi dois finais para esse conto, um deles foi  lido assim, vou deixar o outro logo após essa nota, comentem criticas e qual dos finais foi o seu preferido.



Final Alternativo
Então lembrei que ela havia uma fita vermelha amarrada aos pés quando era uma boneca, coloquei a mão no meu bolso e a fita estava lá ainda. Imediatamente tirei a fita do bolso e fui me aproximando dela com cautela, até estar perto o suficiente para amarrar a fita rapidamente entre seus tornozelos, assim que fiz isso ela abriu os olhos.
– AAAHAHAHA – ela tinha uma voz diferente com aquelas que parecerem em filmes de terror quando alguém esta possuído – Essa fita não tem mais poder para me aprisionar!
– Por que você está aqui? – perguntei a ela – Por que fez tudo isso?!
– Você não lembra? – ela continuava com aquela voz demoníaca – Você me chamou aqui!
Lembrei da frase que eu havia dito quando  o poste se apagou “eu estou pronto, podem vir” minha mente estava clara, a pirâmide, a cor das vestes eu sabia o que fazer. Fui até ela enquanto ela continuava a rir, coloquei a mão em sua testa e prendi seus braços, ela continuava rindo até eu começar a falar
– Em nome de Set, Deus do Mal, Senhor do Caos, eu ordeno que volte para sua prisão! – quando eu disse isso pela primeira vez ela parou de rir e começou tentar se soltar - Em nome de Set, Deus do Mal, Senhor do Caos, eu ordeno que volte para sua prisão!
– Não pare! – dizia ela tentando desesperadamente se soltar, eu continuava repetindo a frase, suas roupas começaram a ficar vermelhas enquanto eu falava – Não, não pare!
– Em nome de Set, Deus do Mal, Senhor do Caos, eu ordeno que volte para sua prisão! – e então eu estava segurando apenas uma boneca de pano com a cabeça de porcelana.

H.

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