Conexões
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Para muitos pastores Luteranos, o exorcismo era apenas um ato para a “exibição
do demônio”. Preferindo tratar casos como esse com orações e desprezo. Dito
isso podemos chegar à conclusão que Luteranos veem o Diabo como alguém cujo
qual quer atenção, necessita que as pessoas vejam o que ele pode fazer, vejam
que ele está ali – Disse o Professor Charles Gasparin, escrevendo no quadro as
palavras Demônio/Assassino e ligando elas com uma flecha a “Necessidade de
atenção” – E nisso turma, temos a frase que resume vários casos, o demônio quer
atenção, dessa forma chegamos a uma das mais comuns alegações de doentes
mentais “Eu estava agindo sobre controle do Diabo”, “ Exu me mandou fazer
aquilo”.
-
E isso ocorre em que tipos de casos professor? – Pergunto o Ronaldo um dos
alunos.
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Não é obvio Ronaldo? – disse o professor se apoiando na mesa e cruzando os
braços – Em casos que geralmente veem a público, que tem imagens dos
assassinatos exibidas ou vazadas na internet.
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Okay, mas como sabemos se o assassino está mesmo sofrendo de doenças mentais ou
está apenas inventando? – Perguntou mais uma vez Ronaldo.
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Essa é uma questão para outra aula meu jovem, aqui nós estamos apenas
explorando os confins das mentes que vocês terão que encarar no futuro.
Nesse
momento o sinal toca e os alunos começam a guardar suas coisas, o professor imita
o alunos. Guarda suas pastas, seus canetões e depois apaga o quadro, desliga
todas as luzes e então tranca a sala. O corredor já tinha pouco alunos, como o
professor geralmente tinha mais coisas para guardar, quando terminava de
arrumar tudo a maioria dos alunos já havia saído. Ele foi andando pelo corredor
com paredes azuis, seu reflexo aparecia no chão branco e limpo, quase
perfeitamente e seus passos ecoavam pelo corredor quase vazio de uma maneira um
pouco tenebrosa.
-Professor
Gasparin – cumprimentou a Professora Emili Dias assim que ele entrou na sala
dos professores – Como foi o seu dia?
-
Mais uma viagem por mentes perturbadas – respondeu ele se sentando numa
cadeira, quase desmoronando sobre ela – Hoje foi o dia das explicações
religiosas e o seu?.
-
Hmnn, o demônio me mandou fazer isso, é a minha perturbação preferida –
Respondeu ela soltando uma risada – Nada de muito interessante nas aulas de
legislação.
Os
dois continuaram a conversar por mais alguns instantes até que o Professor
Charles se levantou e foi até o seu carro um Fiat Tempra verde escuro. Abriu a
porta e tirou as embalagens de fast food. Tentou colocar a chave para dar a
partida mas deixou ela cair, tateou o chão por entre a sujeira para conseguir
sentir a chave com a ponta dos dedos e a puxou, deu partida do carro e foi rumo
a sua casa.
Era quase 23:30 quando ele chegou
em casa, desceu do carro abriu o portão da garagem e depois voltou para o carro
e andou alguns metros e depois tirou a chave da ignição. Ficou parado no carro
por alguns instantes, soltou um suspiro de cansaço e levantou foi o portão e o
fechou.
Segunda-Feira: 22:00
O
foco da aula de hoje foram desculpas relacionadas a religiosidade, em especial
algo que o Sr. Gasparin disse me chamou a atenção. Que muitas pessoas matavam
por necessidade de atenção, que era um chamado implorando para que o notassem.
Terça-Feira: 03:00
Acordei
agora de um sonho bem vivido, eu vi ele no sonho, o Príncipe da Luz, ele tem uma
tarefa para mim. Quer que eu faça as pessoas enxergarem como ele é poderoso,
como ele é magnifico.
Ele me passou tudo que eu precisava saber
sobre a tarefa e agora eu vou sair para executa-la. Em breve todos conhecerão o
poder do meu senhor e irão prestar atenção nele novamente.
Charles
acordou com o som do seu despertador era 9:00hrs, esfregou um pouco os olhos e
pegou o celular na mão para ver as notificações, mas não havia nada de
importante. Esticou as pernas ainda embaixo das cobertas, depois levantou elas
e se levantou, sentiu um arrepio subindo pelas costas assim que os seus pés
entraram em contato com o chão gelado. Tateou o chão com seus pés até achar
dois chinelos de pano e os calçou, ficou sentando por um estante e deu uma
espreguiçada mais enérgica e então aproveitou o embalo e se levantou por
completo da cama e rumou para o banheiro.
Parou
em frente a pia encheu as mãos de água e jogou na cara, depois seguindo seu
ritual matinal botou pasta de dente em sua escova e ficou encarando a sua cara
cansada no espelho enquanto escovava os dentes. Após isso foi até a cozinha com
passos lentos, encheu uma chaleira de água e botou no fogo, deu alguns bocejos
enquanto pegava a xícara, o café, açúcar e depois misturava tudo.
Após
a chaleira apitar, ele desligou o fogo e colocou a água dentro da xícara e
levou ela para o balcão da pia, ligou a televisão apenas para fazer um ambiente
enquanto ele abria a geladeira e pegava as coisas para fazer um sanduíche.
Estava concentrado em seu sanduíche quando ouviu a televisão anunciando.
“Um
homicídio ocorreu nessa madrugada, em uma casa situada no subúrbio. Não temos
tantas informações sobre a vítima, apenas que ela pode ser uma senhora de 65
anos. Também fomos informados que o assassino retirou toda pele da vítima e costurou
tecidos no lugar, fiquem ligados no canal durante o dia para saberem de mais
informações. ”
O
professor ficou um pouco atônito depois da notícia, pensando em que tipo de
gente poderia cometer tal crime com uma idosa e sabendo que essa história iria
se prolongar. Enquanto se encontrava perdido nesses pensamentos escutou seu
celular tocando sobre a mesa. Pegou ele na mão para ver quem estava ligando,
porém, o número era confidencial.
-
Alo – disse o Professor atendendo o telefone com uma certa curiosidade – Com
quem estou falando?
-
Professor Charles Gasparin? Aqui é o Delegado Fábio Melo. – Respondeu o
Delegado com uma voz mais encorpada.
-
Sim é o próprio, em que posso ajudar Delegado? – Charles já estava acostumado
com aquele tipo de ligação, era usualmente consultado pela policia em alguns
casos com um teor mais estranho, um privilégio que ele gostaria de não ter.
-
Bom, acho que o senhor já deve ter ouvido algo sobre o homicídio que aconteceu
está madrugada não é mesmo? – Perguntou o Delegado, porém antes de esperar uma
resposta continuou falando – Bom, achamos algumas coisas que gostaríamos que o
senhor desse uma olhada, se pudesse passar aqui na 23ª Dp o quanto antes,
ficaríamos grato.
-
Okay, irei terminar meu café e em seguida passo ai, até mais delegado – disse o
professor desligando antes de qualquer chance de resposta do delegado.
Ele
pegou seu sanduiche que estava sobre a mesa levou até a bancada junto com seu
café, se sentou em seu banco alto para ficar na altura da mesa e tomou um longo
gole. Deu uma mordida em seu lanche e depois largou tudo sobre a mesa e foi
para o quarto se trocar. Mais uma vez, adentrou no seu Tempra cheio de entulho,
deu a partida e rumou em direção a delegacia.
Ao
chegar lá notou um intenso movimento tanto de policiais quanto de imprensa nos
arredores. Com dificuldade conseguiu transpor a barreira de repórteres e
câmeras que estava na frente da porta da delegacia, já dentro do recinto rumou
diretamente para a recepção aonde uma moça estava no telefone, esperou alguns
instantes até ela desligar e conversar com ele.
-
Em que posso ajudar senhor? – pergunto ela de maneira simples e direta.
-
Eu sou o Professor Charles Gasparin, o Delegado Fábio pediu para que eu viesse
dar uma olhada em algo.
-
Só um momentinho – disse ela pegando o telefone novamente e discando o ramal do
Delegado – Senhor, o Professor Charles está aqui, disse que o senhor o chamou,
okay, ele está esperando o senhor na sala dele, siga reto até o fim do
corredor, o nome dele está na porta Professor.
-
Muito obrigado – disse o professor acenando com a cabeça para a secretária e
indo em direção a porta.
-
Só um momento Professor – chamou a secretária novamente – Esqueci de lhe
entregar isto.
-Mais
uma vez, muito obrigado – respondeu ele pegando um pequeno adesivo que dizia
“Visitante” e colocando no seu peito, chegou até a sala do Delegado e bateu na
porta 3 vezes como era seu costume.
-
Ah professor, prazer, sou o Delegado Fábio Melo – disse ele abrindo a porta e
estendendo a mão para cumprimentar o professor – Ouvi muito sobre a sua ajuda
no caso Teixeira e no Maníaco de Rio Grande.
-
Muito obrigado Delegado, mas eu só estava cumprindo meu papel como cidadão,
nada demais – respondeu o professor se sentando em uma das cadeiras enquanto o
delegado voltava para a sua cadeira também. – Mas então, no que posso ajudar
vocês hoje?
-
Bom Professor, espero que o senhor tenha estomago – respondeu o Delegado pegando
um tablet de cima de sua mesa e um par de fones de ouvidos e passou para o
professor – Precisamos que o senhor veja isso.
Charles
colocou os fones e pegou o tablet, tinha apenas um arquivo de vídeo, com o nome
de “Fase 1 – Atenção” ele pressionou o dedo sobre o arquivo e começou a
reproduzir. O Ambiente do vídeo era escuro, dava para ver uma mesa de madeira,
redonda cuja qual recebia um foco de luz, o resto era escuro demais para ser
visto, mas parecia com uma cozinha com uma decoração um pouco antiga, então
apareceu uma figura, com uma mascará sobre a luz que estava direcionada para a
mesa. A mascará era toda branca, com o formato de um bico no meio e os olhos em
elipses inclinados para o centro da máscara, parecido com a fisionomia de uma
coruja. Ele fica um curto tempo sobre a luz da câmera, depois ele se afasta e
volta trazendo algo, o que parece ser um corpo de uma idosa. Coloca ele sobre a
mesa e começa passar uma faca sobre a pele da vítima de maneira bem delicada,
começa na região do pescoço aonde faz uma perfuração maior, depois segue
suavemente ido até a cintura, depois sobre novamente pelo outro lado até o
corte inicial da garganta. Ele fica por alguns instantes na frente da câmera,
mexendo os braços com bastante força, quando ele sai da frente da câmera,
percebe-se que ele tirou toda a pele do torso da mulher, deixando sua
gordura/músculos a vista, o vídeo continua por mais alguns segundos fitando
apenas o corpo da mulher que já está sem vida sobre a mesa até ele retornar com
uma espécie de pano, ele cobre a mulher com ele e começa a costurar o pano no
lugar da pele, ele demora alguns minutos para costurar completamente. Depois
disso ele some por alguns instantes deixando apenas o corpo ainda sobre a cama,
porém desta vez com um tecido florido cobrindo seu torço, então ele volta com
um cartaz escrito com sangue.
“O
Demônio Só Quer Atenção”
Chamem
o Professor Charles Gasparin
O
vídeo termina nessa parte, o professor fica atônito por um instante até largar
o tablet em cima da mesa, e o delegado começar a colocar fotos sobre a mesa de
um botijão de gás aparentemente coberto por pele humana.
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Ele tirou a pele da Senhora e colocou ela no lugar da capa do botijão de gás –
disse o delegado depois de largar as fotos – Quanto a capa dele, acho que não preciso
lhe dizer aonde ele a colocou, mas o que mais me chama a atenção é o cartaz no
final do vídeo professor.
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Eu disse essa frase, na minha última aula delegado – disse o professor fitando
o nada ainda tentando absorver tudo aquilo – Nessas mesmas palavras.
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Na sua última aula o senhor quer dizer ontem, antes do assassinato? – Perguntou
o Delegado anotando um caderno e pegando o telefone – Carol, preciso que você
me passe com a FDRG (Faculdade de Direito de Rio Grande)
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Eu tenho a lista dos Alunos aqui comigo delegado, não precisa ligar para
faculdade – disse o professor abrindo a sua pasta e tirando alguns papeis. –
Tenho uns 16 alunos nessa aula, é a turma de Psicologia Comportamental.
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Muito obrigado professor – disse o Delegado pegando a lista com o nome dos
alunos e desligando o telefone – Houve algo incomum na última aula? Sobre o que
o senhor estava falando?
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Eu estava explicando sobre uma das principais desculpas de doentes mentais –
disse o professor pegando mais algumas folhas de dentro da sua pasta e passando
para o delegado – Assassinos que alegam que o Demônio os mandou realizar tais
atos, nessas folhas tenho todo o conteúdo da aula delegado.
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Muito obrigado professor, iremos analisar os papeis, caso o senhor possa deixar
o conteúdo de suas futuras aulas, ficaríamos muito grato – disse o Delegado,
enquanto o professor pegava mais alguns papeis dentro de sua bolsa e entregava
para ele – Bom, muito obrigado professor, por fim tenho que pedir que o senhor
não saia da cidade enquanto a investigação estiver em andamento, em casos
normais deveria pedir um depoimento, mas devido ao seu histórico de auxílio a
polícia acredito que não será necessário. Enfim entraremos em contato
professor.
-
Como disse antes Delegado, apenas cumpro meu papel como cidadão – disse o
professor apertando a mão do delegado e rumando porta fora – Até mais ver.
H.
fonte da imagem:https://misteriosoobjetoalmediodia.files.wordpress.com/2014/03/homeland-tablc3b3n.png
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