Insanidade


Era 3:40 da madrugada e eu estava li mais uma vez sentado na frente do meu computador com uma enorme térmica de café do meu lado, estava alimentando vários vícios: O de ficar no computador o dia inteiro, o de não suportar ficar muito tempo sem falar com ninguém, a masturbação, o café e diversos outros. Mas nunca liguei pra isso, eram pequenos vícios que não interferiam drasticamente na minha vida, pelo menos não até o momento. É difícil imaginar que esses pequenos vícios possam nos causar grandes danos, físicos e mentais.
Estava lendo algumas matérias sobre espiritismo, sobrenatural, paralisia do sono e mais algumas bobagens, era um bom passa tempo. Entrei em alguns fóruns sobre esses assuntos e uma coisa que tinha de semelhante em basicamente toda crenças sobrenaturais e religiosas é que quando você procura por eles, eles procuram por você. Sempre fui uma pessoa bem cética, porém depois de passar horas na escuridão apenas com a luz fraca do seu monitor batendo na sua face, você fica um pouco temeroso.
No dia seguinte comecei a  ter sensações estranhas de ter sombras  e vultos ao meu redor, ou me seguindo, os dias foram passando  eu comecei a ver mais desses vultos, estava começando  ficar um pouco nervoso, então pesquisei a fio sobre o vicio que eu achava ser mais forte em  mim, o café. Entre um site e outro, acabei lendo algumas matérias que diziam que uma pessoa que ingere mais de 2 litros de café por dia era propensa a ver vultos, devido ao esgotamento do cérebro de estar “pilhado” a todo o momento. Tranquilizei-me por alguns dias, tentei até mesmo diminuir as dosagens de café. Parei  de tomar uma térmica por dia e comecei a tomar  uma xícara no máximo, deu certo, a sensação de estar sendo seguido foi diminuindo aos poucos até que decidi ficar um tempo sem café.
As alucinações pararam por completo durante o mês em que eu parei de tomar café, achei que estava melhor e então decidi voltar a tomar café. Tomava só nos finais de semana, depois uma xícara por dia e quando vi eu já estava nas térmicas novamente. Esperei por começar a ver vultos, mas eles não voltaram.
O que aconteceu foi muito pior, eu comecei a ter alucinações pesadas durante o dia, como um bebê  em estado de putrefação correndo do meu lado, pessoas me tocando e algumas totalmente bizarras como uma melancia de pantufas rosas me perseguindo.  Pouco tempo depois estava muito paranóico, o café era a minha única “saída” para isso me acalmava, já não estava mais acreditando que aquilo era causado por ele. Quando eu pensei que não poderia mais piorar, foi que veio a pior parte.
Comecei sofrer do fenômeno chamado paralisia do sono e toda manhã antes de acordar eu era obrigado a rever minha filha e minha esposa que haviam morrido num acidente de carro, elas me culpavam pelo o que havia acontecido, eu já não estava mais aguentando. Sem família nem amigos, ninguém iria perceber mesmo....

Então em meio a um desses dias chorando de olhos fechados e com uma arma na mão, eu comecei a ouvir vozes dentro da minha cabeça, reconheci logo que não eram apenas algumas vozes, eram as minhas vozes, a fraca e  embargada de quando eu era criança, uma mais aguda que era a adolescência e a minha atua voz, fraca e deprimida, não conseguia nunca entender o que elas queriam me dizer, eram só palavras ao vento até que eu decidi conversar  com elas. Os dias foram passando algumas contas entravam por debaixo da porta, mas eu não levantava para pegar, ficava lá sentado no chão da cozinha sobre minhas fezes e minha urina realmente eu não me importava, a única coisa que realmente era importante era ter ao meu lado  meus “alter egos”. 

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