Diários de um Psicopata - Terça Feira
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Segunda - Feira
Segunda - Feira
26 de Outubro de 2004
Terça - Feira
Estou com muito
medo, de que alguém me reconheça na rua ou algo do tipo, são 4 horas da manhã
estou pensando se vou para escola. acho que é mais seguro ficar em casa.....
27 de Outubro
de 2004
Quarta - Feira
Ontem fiquei o dia
inteiro escutando o rádio para ver se já haviam encontrado os corpos, era meio
dia quando eu ouvi a notícia.
"Dois corpos foram encontrados, ambos com
cortes no pescoço, o primeiro de uma mulher foi encontrado ontem a noite,
quando a filha dela chamou a policia, ela havia sido assassinada no hall de sua
casa, e o segundo corpo era de um homem, foi encontrado na Rua Barbosa, ele
carregava uma arma e tinha um tiro em sua barriga, e também o ferimento no
pescoço. Infelizmente a policia ainda não tem nenhum suspeito"
Será que era
verdade? Será que a menina não havia me visto? Bom, resolvi acreditar e tentar
agir como se n soubesse de nada, fui para escola mais uma vez antes de todos,
queria falar com o Gui. Cheguei na escola e ele estava lá.
- Fala seu preguiçoso - disse ele me cumprimentando - Ficou
sabendo dos mortos?
- Aham, tu sabe se
já tem algum suspeito ou algo do gênero ? - perguntei.
- Não ouvi nada
cara, mas parece que a filha da mulher que morreu, ia entrar pra escola essa
semana...
Gelei na hora, se
ela havia me visto naquela noite, provavelmente me reconheceria, agora que eu
estava quase saindo daquela cidade escrota eu tinha que ter feito essa merda,
depois de tantos anos me segurando eu tinha que ter feito isso? Nesse momento
chegou a Luí com uma garota estranha.
- E ai galera, de
boa - disse nos cumprimentando - Então, essa é a Adri, ela é nova na cidade,
achei ela sozinha na parada do ônibus, meio deslocada como nós.
F****, pensei na
hora, abaixei minha cabeça quase instantaneamente, não podia deixar ela me ver,
mas então eu vi uma mão estendida em minha direção, provavelmente era ela, não
sabia o que fazer então decidi me arriscar e levantei a cabeça e apertei a mão.
Na hora eu esqueci de tudo, ela era linda, tinha o cabelo loiro até os ombros
do lado esquerdo havia um undercut,
algumas mechas eram brancas, seus olhos eram escuros o que eu achei estranho
para alguém de cabelo claro, estava com uma camisa de banda e jeans surradas,
mas depois do choque inicial eu lembrei de tudo e abaixei a cabeça rapidamente.
- Não estranha
esse aqui - disse Luí me dando um tapa na cabeça - Ele é meio mudo as vezes,
bom eu vou mostrar aonde serão as salas delas até o intervalo.
- Cara, impressão
minha ou tu fico todo apaixonadinho - disse Gui me zoando.
- Cala a boca -
disse dando um soco em seu braço - Vou ir pra minha sala, té depois cara.
Quando fui para a
sala tive mais um choque, a garota estava lá, e pior estava sentada na frente
da minha classe. Mantive a cabeça abaixada e segui para meu lugar. Quando
sentei ela se virou, tinha colocado o capuz, para esconder o rosto acho.
- Oi - ouvi ela
dizendo, tive um pequeno conflito interno e resolvi responder.
- Opa - disse
fingindo não dar muita bola - de boa? Ouvi ela suspirando então:
- Tranquilo, eu
sou a Adri, vocês é o Carlos ne?
- Ca....pode me
chamar de Ca - estava tenso, não sabia se ela havia me reconhecido ou não,
então perguntei - Você parece meio triste o que aconteceu?
- Bom... - sentia
a fraqueza na voz dela - Minha mãe...
Então ela se virou
e abaixou a cabeça, eu conseguia escutar seu choro, aparentemente ela não havia
me reconhecido, então decidi tentar me aproximar um pouco
- Desculpa,
eu...eu não sabia - e coloquei uma mão sobre seu ombro, ela continuou abaixada
por alguns instantes e tentava parar de chorar então se levantou.
- Tudo bem - disse
ela me olhando, era a primeira vez que nós cruzamos os olhares de perto, pude
ver cada mínimo detalhe do rosto dela - Você também parece triste.
- Desanimo, com 2
períodos de física não há como ter felicidade - tentei descontrair o clima e
pude ver ela soltando um pequeno sorriso. Passei o resto da manhã conversando
com ela nos intervalos das aulas ou por bilhetes, ele me contou que também
havia lido "Cidades de Papel" e que tinha adorado, me contou suas
bandas preferidas e sua adoração as Crônicas dos Kanes, na hora do intervalo
ficamos na sala. A tarde passou rapidamente, continuei conversando com ela.
Então 5 horas saímos da escola, eu não tinha reforço aquele dia então sai junto
com Guí, e Luí.
- Eu e a Luí vamos
no clube agora - disse Guí pra nós - Vocês querem ir junto?
- Beleza - eu
disse - Tu ta me devendo uma revanche naquele fliperama
- Eu não tenho
culpa se sua habilidade de jogar é tão boa quanto a sua habilidade de
sair com garotas - retrucou ele.
- Eu não sei -
disse Adri.
- A vamos - disse
eu mexendo em seu cabelo - tu precisa se animar. Ela sorriu de novo para mim,
então disse.
- Ok - disse ela -
Só vou passar em casa antes depois encontro vocês lá pode ser?
- Aham - disse Luí
- Até depois.
Ela se virou,
abaixou a cabeça e foi andando, em uma direção, e nós fomos para o clube. No
caminho então meus amigos começaram.
- Parece que temos
um novo casalsinho - disse Gui - Own, vocês já tem apelidos carinhosos? Awn
Carlinhos, me da um abraço?
- Ai claro
adrizinha, vem cá - Brincou Luí.
- Calem a boca -
disse eu rindo - Parecem duas crianças.
- Pelo menos
ele ta rindo de novo - disse Gui.
Fazia tempo mesmo
que eu não me sentia animado, em alguns momentos do dia eu até me esqueci do
que eu fizera, mas no final sempre me voltava a mente aquela sensação,
estava muito confuso com tudo que estava acontecendo então inventei uma
desculpa e sai. Estava vindo para casa quando encontrei a Adri.
- O que houve? -
perguntou ela quando me viu.
- Nada - disse -
só vou dar uma volta.
- E o Gui e a Luí?
- Estão lá ainda -
por um momento ela ficou parada apenas me olhando, então falou.
- Eu posso
ir andar com você? - Eu queria ir para casa, mas algo em mim queria ter ela por
perto.
- Aham
- eu disse, então começamos a caminhar pela cidade, eu não sabia o que
falar.
- Sabe, eu
não gosto disso - disse ela puxando um assunto - Todos vem me perguntar se
estou bem por causa de minha mãe, todos me tratando como se eu fosse uma
garotinha frágil. Que merda eu tenho 19 anos já.
- Talvez
eles só estejam preocupados com você - eu disse.
- Eles
deviam ter se preocupado quando ela ainda estava viva, quando era espancada
todo dia por aquela bêbada.
- Espera um
pouco, ela batia em você?
- Sim todos
os dias, ela começou depois do divórcio.
- Mas e por
que você estava chorando hoje então?
- Por que
minha família acha que eu tenho que ir morar com meu pai. Só que ele é pior que
a minha mãe. Que droga eu tenho 19 anos já, eles não entendem.
Eu não sabia
o que fazer então peguei a mão dela, ela me olhou por alguns instantes então eu
senti a mão dela apertando a minha.
- Você é uma
pessoa legal Ca - disse ela - Mas da pra ver que esconde muitos segredos, e se
reprime.
- Mais ou
menos isso, vou te levar em um lugar - eu disse - mas você precisa fechar os
olhos.
Ela riu e
aceito então fechou os olhos. Eu levava ela pela mão até uma casa abandonada
que eu tinha achado na cidade, quando chegamos então abri os olhos dela que
ficou olhando para casa curiosa.
- Você mora
ai?
- Não -
respondi rindo - Eu venho aqui as vezes, me sinto bem, vem vamos entrar.
Entramos em
um dos quartos e sentamos no canto, ela se deitou em meu ombro e ficamos ali,
parados por um bom tempo apenas em silencio, eu fazia cafunés em seu cabelo e
ela fazia carinho na minha mão. Então quando deviam ser quase meia noite minha
mãe ligou.
- Tu ta
aonde seu pia de merda, amanhã tu tem aula, vem pra casa logo - ela gritou tão
alto que parecia que estava no viva voz.
- Bom eu vou
ir, tu quer que eu te acompanhe até em casa? - pedi a Adri quando percebi que
ela havia adormecido, levantei devagar e deitei ela em um colchonete que eu
tinha levado até lá e que já havia usado muitas vezes, peguei então um pouco de
tinta de umas latas que haviam pela casa e escrevi na parede...
"99856402 Me Liga"
...e vim
para casa.
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